sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ladrões de Bicicleta (Ladri di biciclette)


Direção: Vittorio De Sica
Roteiro: Vittorio De Sica, Cesare Zavattini, Suso Cecchi D'Amico, Gerardo Guerrieri, Oreste Biancoli e Adolfo Franci.
Elenco original: Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola, Lianella Carell, Vittorio Antonucci
Gênero: drama
Idioma original: italiano
Ano: 1948
Duração: 93 minutos

Vittorio de Sica na minha humilde opinião é o mestre do neo-realismo italiano. O neo-realismo surgiu em Roma durante a segunda guerra mundial, cujo pretendia documentar a realidade, o cotidiano e as dificuldades das vidas desgraçadas das pessoas pobres da época que sofriam com o impacto econômico que a guerra gerava.
Ladri di biciclette foi um dos primeiros filmes italianos a serem lançados no período pós-guerra. O filme conta a História de Antônio Ricci e sua família, sua mulher e mis dois filhos, que viviam na dura realidade do desemprego, da fome e da pobreza, devido à crise da Itália na época. Ricci consegue um emprego como colador de cartazes na grande cidade, porém ele necessita de uma bicicleta para se efetivar no emprego; Então sua mulher vende todas as roupas de cama da família para comprar o instrumento de trabalho. Finalmente a família se vê em uma situação pouco melhor no primeiro dia de trabalho na cidade. Mas como diz o ditado: Alegria de pobre dura pouco! A bicicleta é roubada logo no primeiro dia de batente. E é aqui que realmente se inicia esta jóia da sétima arte. Antônio Ricci e seu filho Bruno saem à procura dos ladrões de bicicletas pela cidade. Num momento de desespero, tenta roubar uma bicicleta na entrada da fábrica e acaba sendo humilhado na frente dos olhos do filho. Quando consegue retornar as buscas, encontram pelo caminho situações esquisitas, personagens bizarras e verdades irretorquíveis. Uma longa e dramática aventura.
O curioso dessa obra é que sua realidade se deve a escolha dos atores e a forma de se fazer o filme. Os atores não eram famosos e foram escolhidos por Vittorio pela forma em que caminhavam. O filme também traz uma nova e audaciosa forma de se fazer cinema para época: filmagens improvisadas nas ruas, em meio ao caos das vias urbanas romanas. Câmeras super pesadas em traseiras de carros, em bicicletas e etc. Enfim. Improviso, emoção, uma simples história contada por um mestre do cinema, muita audácia, um Oscar de melhor filme estrangeiro e muitos, mas muitos aplausos sozinhos no sofá.
Ladrões de Bicicleta ultrapassa o mero tratamento documental de uma época e, apesar de estar circunscrito a um contexto social específico (a miserável condição social e econômica do povo italiano no pós-guerra), extrapola também quaisquer barreiras históricas e temporais. A tragédia, o desespero e a degradação moral de um homem impotente, exposto a situações-limites e a uma realidade hostil e aviltante, é uma história universal e atemporal, possível de ser transportada para diversas épocas e para diversos lugares do mundo. Um clássico extremamente sentimental que, em nenhum momento, apela para a pieguice ou para o melodrama. Enfim, um clássico que se recusa a envelhecer.

2 comentários:

Fabiana Fróes disse...

Eu ainda não tive o privilégio de assistir essa obra prima do cinema, mas com certeza você me concederá o prazer de assistir me emprestando, rsrs... Ótima resenha e um texto excepcional, parabéns!!

moderação retrojovem; disse...

Adorei o texto e a resenha está realmente ótima!